Foto: RIAS

Águia-de-Bonelli foi libertada no Algarve e vai ser seguida de longe

A devolução à natureza foi realizada este domingo na Mata da Conceição, em Tavira, pelo RIAS-Centro de Recuperação e Investigação em Animais Selvagens.

A águia-de-Bonelli (Aquila fasciata) é uma espécie considerada Em Perigo de extinção em Portugal, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados (2005).

Estas aves são também chamadas de águias-perdigueiras porque caçam outras aves em pleno voo para se alimentarem, incluindo pombos e perdizes. São rapinas de grande porte, com 55 e 65 centímetros de comprimento e uma envergadura de asas entre os 1,45 e os 1,65 metros.

A águia agora libertada tinha dado entrada no RIAS na última semana de Outubro com dois projécteis de caçadeira no corpo, explica o centro de recuperação num comunicado enviado à Wilder. “Sem possibilidade de retirar os projécteis, e dada a extrema debilidade em que se encontrava, a única medida a tomar foi a estabilização da ave.”

Passada uma semana, foi transferida para uma das instalações exteriores do centro, que fica na Quinta do Marim, em Olhão. Nesse espaço conseguiu praticar o voo e ganhar novamente forças. “Recuperada a condição física, foi considerada apta a ser devolvida novamente à natureza.”

Foto: RIAS

Antes de ser libertada, foi-lhe colocado um transmissor GSM através do projecto AQUILA a-LIFE, em conjunto com a Equipa de Maneio de Fauna Selvagem do Ministério do Meio Ambiente Espanhol. Este projecto tem como objectivo “atenuar o efeito das ameaças que enfrenta e contribuir para a recuperação da espécie no Mediterrâneo Ocidental.”

Devido ao estatuto de conservação da espécie, “esta libertação é um contributo fundamental para a conservação da espécie em Portugal, nomeadamente da população residente no Algarve”, conclui o RIAS.

Em Portugal, segundo a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, as maiores ameaças para as águias-de-Bonelli são três: o desaparecimento do seu habitat devido às mudanças no uso dos solos, que no Nordeste Transmontano leva à diminuição das presas e mais a sul traduz-se no corte de grandes árvores, provocando o desaparecimento dos locais para os ninhos; a perturbação na época de reprodução, de Dezembro a Junho, “pois esta espécie é particularmente sensível à presença humana em redor dos ninhos durante esta fase crítica”; a electrocussão em linhas eléctricas de média e alta tensão, que afecta tanto os adultos como as águias-perdigueiras jovens.


Saiba mais.

Em Portugal, segundo a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, as maiores ameaças para as águias-de-Bonelli são três. Saiba quais são e conheça outras curiosidades da espécie neste artigo da Wilder. E recorde o que medidas os especialistas recomendam para salvar estas águias.


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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.